terça-feira, 5 de novembro de 2013

Publicada Portaria que Institui a Rebracim no SUS

Acaba de ser publicada no Diário Oficial da União a Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informação sobre Medicamentos - Rebracim.


A REBRACIM tem como objetivo coordenar e executar serviços e atividades voltados à produção e difusão de informação sobre medicamentos, visando o uso racional destas tecnologias no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.
A rede inicia suas atividades no âmbito do SUS, com 24 centros e serviços de informação ligados e com perspectiva de ampliação para todos os estados.
O Comitê Gestor da rede é coordenado pelo Departamento de Assistência Farmacêutica, que conta ainda com outros departamentos do Ministério da Saúde, Conselho Federal de Farmácia, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Comitê para Promoção do Uso Racional de Medicamentos, Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Organização Panamerica da Saúde.
Confira a publicação no link do DOU (clique aqui)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Assistenfar Real - Do abandono ao excesso de uso, a linha tênue da Adesão a medicamentos

          Hoje visitamos um grande família, composta por Dona Ada, Seu Jô e seus seis filhos. As condições de habitação são precárias, mas os pais dia a dia tentam melhorar e zelar pela única herança que podem deixar a seus herdeiros... nas palavras de Seu Jô "a saúde e a educação". 
        Nessa família foi possível identificar como a doença prejudica profundamente um lar. Há 7 meses Seu Jô teve tuberculose, a doença foi diagnosticada quando já necessitava de internação e afastamento do trabalho. O trabalhador de 50 anos perdeu muito peso, mas conseguiu se recuperar aderindo ao tratamento medicamentoso fornecido pelo SUS. Na realidade a adesão foi muito alta, tanto que Seu Jô utilizou o medicamento um mês a mais do estabelecido em protocolo e a possibilidade de ficar novamente doente o faz utilizar a isoniazida sempre que se sente mal... da ultima vez, uma gripe que o fez suspeitar do retorno da doença foi o motivo para tomar o remédio da tuberculose por 7 dias. Estranho isso? Não, me parece comum, é necessário ter a clareza que os pacientes são os gestores de sua saúde e estão certos de tomar a iniciativa disso, apenas necessitam ter acesso a informação e orientação adequada. Foi isso que fizemos e realizamos uma conversa específica sobre o assunto e as possíveis consequências desse episódio. 
          Apesar de tudo, o que me preocupava na casa na verdade não era Seu Jô e sim sua esposa, Dona Ada, que possuía uma relação de amor e ódio com seus medicamentos. Inicialmente trouxe entusiasmada toda sua cesta de medicamentos... de tudo um pouco tinha ali, alguns vencidos, outros empoeirados. Relatava detalhadamente para toda a equipe multiprofissional, todos os seus problemas e saúde; e pra cada coisa um medicamento que havia sido receitado. Falava com propriedade, pois apesar do problema ocular lia todas as bulas e acreditem, isso não era bom! Pois, cada reação adversa em potencial era sentida por ela após alguns dias de uso, o que a fazia sempre escolher os tratamentos que iria deixar de utilizar. Adicionado a este problema, está o fato de utilizar formas farmacêuticas complexas (spray nasal, bombinha de aerossol, colírio) agravava seu quadro de não cumprimento pois as doses tendiam a ser menor pelo uso inadequado.

           
           Realizamos abordagem sobre o uso de cada medicamento, sua necessidade e modo de utilização e verificamos o nível de compreensão da paciente. 
         O que fica de lição, nesta família é que cada pessoa tem sua própria relação com seus medicamentos e seus próprios mecanismos de gestão da terapia. Para que ocorra um resultado adequado da utilização de medicamentos, sem descumprimentos e sem exagero do uso é necessário que o usuário tenha acesso a informação!

Para saber mais: 




*Para preservação das identidades os nomes dos pacientes foram alterados.

sábado, 17 de agosto de 2013

Dica de Livro - Serviços Farmacêuticos baseados na Atenção Primária a Saúde

Lançado este ano (2013) neste documento a Organização Panamericana da Saúde  (OPAS)  demonstra sua posição com a organização dos serviços farmacêuticos a partir da Atenção Primária a Saúde. 


Os Serviços Farmacêuticos (ou Assistência Farmacêutica, como chamamos no Brasil), assim como todo o serviço de saúde, deve ser centrado na APS entendendo esse nível de atenção como responsável pela resolução da maioria das necessidades de saúde da população.
Para acessar este documento clique aqui

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Novo Decreto Presidencial atualiza Lei de Vigilância Sanitária de 76


Sancionada a quase 40 anos, lei 6360 de Vigilância Sanitária é regulamentada por novo decreto presidencial. Veja as principais mudanças:

Notificações agora são obrigatórias
O novo dispositivo agora já prevê a notificação de eventos adversos e queixas técnicas relacionadas a produtos sujeitos à vigilância sanitária. Com isso, reforça-se a possibilidade e a qualidade do monitoramento de produtos no mercado e, além da melhor gestão da saúde pública. 



Priorização de Registros para o SUS
Foram estabelecidas hipóteses de priorização de registros de produtos na Agência, todas elas alinhadas com as políticas definidas pelo Ministério da Saúde para fortalecimento do Sistema Único de Saúde – SUS e do Complexo Industrial da Saúde.



Autorização de uso mediante interesse do estado e não apenas da Indústria
Mediante solicitação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS - Conitec, a Anvisa poderá emitir autorização de uso para fornecimento, pelo SUS, de medicamentos ou de produtos registrados nos casos em que a indicação de uso pretendida seja distinta daquela aprovada no registro, desde que demonstradas pela Conitec as evidências científicas sobre a eficácia, acurácia, a efetividade e a segurança do medicamento ou do produto para o uso pretendido na solicitação



Registro de Fitoterápicos pela Tradicionalidade do Uso
Reconhecimento da efetividade/eficácia de medicamentos fitoterápicos por meio do uso tradicional, facilitando o registro desses produtos em atendimento às políticas setoriais de saúde.



Conheça o Decreto 8077/13 na integra: clique aqui

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Do Bactrim à Bakhtin: reorientação da profissão farmacêutica para a promoção da saúde

“Medicamentos não têm doses - Pessoas têm doses”, nessa feliz reflexão feita por Cipolle em 1986, está demonstrada a necessidade de transição de uma prática farmacêutica focada no medicamento para uma prática clínica, centrada no paciente.



Na era pré-industrial, o conhecimento pertencia às corporações de ofício. Os canais de difusão e transmissão da informação são essencialmente comunitários e informais e o Boticário inserido no convívio popular exercia seu papel de educação em saúde, mesmo que numa lógica empírica e distante de uma cultura erudita ou cientifica.
Na Revolução Industrial, com a reorganização da produção através da divisão do trabalho, do agrupamento da força de trabalho em fábricas e a centralização dos meios de produção, o farmacêutico pede seu papel na elaboração manufaturada de medicamentos na farmácia, que se torna um ambiente de distribuição da produção industrial, perdendo sua função na atenção a saúde.
A profissão farmacêutica, nesse novo contexto sobre uma reorientação tecnológica, investido no desenvolvimento de atividades focadas principalmente na produção dos medicamentos ou no apoio ao diagnóstico. Perfil ainda predominante entre os profissionais brasileiros.
No entanto atualmente, na era pós-industrial, caracterizada pela evolução dos serviços e pela ascensão da informação como objeto de poder e de transformação social torna-se imperativo a reorientação do trabalho do farmacêutico para o combate as mazelas causadas pelo uso irracional de medicamentos e para a promoção da saúde.
Para o alcance desse objetivo é necessário, ampliar o objeto fim do trabalho do farmacêutico, para além do medicamento em si, mas para o usuário dele. Um profissional com visão estritamente técnica e biológica dos processos de saúde-doença-cuidado e que, ao conversar com um paciente, apenas aborde questões relacionadas ao seu comportamento, sem buscar entender o espaço em que ele vive, suas condições de vida e relações sociais, culpabilizando-o por sua situação, traduz, assim, uma visão de mundo em que o indivíduo é responsável por tudo aquilo que lhe acomete.
O farmacêutico que se propõe a atuar na promoção da saúde deve assumir uma postura diferente diante do sujeito de seu trabalho, deve não apenas garantir que o paciente conheça todos os efeitos e riscos do “Bactrim”, deve na verdade conforme postulado por Bakhtin, conhecer esse indivíduo, seus enunciados, os discursos que traz no seio do próprio discurso, os conflitos ou as possibilidades que podem ser gerados pelos discursos de outrem ali integrados. Podemos pensar o profissional de saúde como um professor e o paciente como um estudante, pois entendemos que essas situações possuem uma dimensão pedagógica, onde se desenvolve uma troca e a construção de saberes em que os sujeitos crescem juntos na busca do objetivo comum pela busca da saúde.