domingo, 13 de novembro de 2011

Fitoterápicos e Plantas Medicinais: novos prescritores, polêmicas e dificuldades de implantação de uma política.

         
         Apesar de sua utilização milenar, apenas no final da década de 1970, a Organização Mundial da Saúde (OMS) cria o Programa de Medicina Tradicional que visa incentivar os países membros a adotar políticas nacionais de plantas medicinais e fitoterápicos. Após vários anos de discussão entre as áreas competentes do governo, a comunidade científica e a sociedade civil em 2006 o governo brasileiro publica a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que estabelece diretrizes para o desenvolvimento de ações direcionadas à melhoria da qualidade de vida da população e do complexo produtivo na área da saúde. Em consonância com essa política foi publicada pelo Ministério da Saúde a Portaria nº 971/06 que estabelece a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS que entre outras ações que entre outras ações pretende incluir o uso de plantas e fitoterápicos no contexto terapêutico do SUS.
        Mesmo com essas importantes iniciativas, podemos perceber claramente que a aplicação das políticas que visam a utilização racional de fitoterápicos e plantas medicinais ainda está longe do ideal. Isso por dois motivos básicos: Interesses Mercadológicos e Despreparo dos Profissionais e Serviços de Saúde.
         A utilização de plantas medicinais é sem dúvida uma forma mais econômica de tratamento para o restabelecimento da saúde, porém os riscos associados ao seu uso tornam necessários estudos que comprovem segurança e verdadeiro valor terapêutico. O extenso uso de medicamentos sintéticos e suas reações adversas relacionadas transformam a possibilidade de utilização de fitoterápicos uma interessante alternativa. Entretanto esse crescente interesse não tem agradado a indústria farmacêutica tradicional que vê potencial ameaça de mercado e tem atraído sérios questionamentos da mídia, como verificamos na serie exibida pelo Fantástico: "É bom pra que?" apresentado pelo Dr. Dráuzio Varella:
 

            
       Somam-se a esse quadro as dificuldades de desenvolvimento e produção de fitoterápicos decorrentes do desinteresse secular da ciência médica atual, bem como das dificuldades em patenteamento de fitoterápicos, o que desestimula o financiamento privado.
       Outro aspecto limitador das políticas de utilização dessas práticas alternativas tem sido a desestruturação dos serviços de saúde que não possuem organização administrativa para oferta desse tipo de cuidado em saúde, onde a disponibilidade de fitoterápicos em listas de medicamentos, existência de farmácias vivas ou treinamentos específicos sobre plantas não são uma realidade difundida no SUS.
            A descrença na efetividade e falta de formação especifica em fitoterapia também dificulta a adoção desta prática entre a classe médica de uma maneira em geral. Esse quadro inclusive tem feito com que outros profissionais se interessem pela possibilidade de prescrição desses medicamentos como ocorreu com os nutricionistas com regulamentação do Conselho Federal de Nutrição Res. nº 407/07 que prevê a prescrição de plantas e fitoterápicos por estes profissionais e mais recentemente a publicação da Resolução nº 546/11 do Conselho Federal de Farmácia que também prevê o exercício desse tipo de indicação.
        Porem poder prescrever não assegura necessariamente que os profissionais estão aptos a promover o uso racional desses insumos; é necessário acima de tudo treinamento e acesso a informação de qualidade. É por isso que a ANVISA acaba de lançar o primeiro Formulário Nacional de Fitoterápicos que reúne 83 monografias de medicamentos, como infusões, xaropes e pomadas.   
         Apesar dos muitos desafios para a implantação efetiva da prática de plantas e fitoterápicos podemos perceber que combatendo interesses mercadológicos danosos e fomentando a produção de conhecimento e formação em fitoterapia dos profissionais de saúde poderemos avançar nessa seara terapêutica milenar
            

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Minutos de Sabedoria" para Uso Racional de Medicamentos

           Para tod@s que estão engajados na promoção do uso racional de medicamentos que sem dúvida é a grande missão dos cuidados farmacêuticos, indico uma serie de artigos sobre os temas mais polêmicos e relevantes na atualidade para a farmacoterapia em geral.
       
             Com uma linguagem fácil e sem perder o rigor da saúde baseada em evidências a série de "Uso Racional de Medicamentos: Temas Selecionados" parece até ter transformado densos textos de revisão sistemática e estudos científicos em geral em "Minutos de Sabedoria" para o uso racional dos medicamentos.
      
         A série é escrita pela Profª Lenita Wannmacher, farmacologista clinica conceituada que é membro do Comitê de Especialistas em Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais da OMS. A serie é uma realização da Organização Pan-americana de Saúde em parceria com o Ministério da Saúde.
    
          Recomendo a leitura periódica destes artigos para melhoraria de nossas intervenções junto aos demais profissionais de saúde e principalmente junto aos usuários de medicamentos. Os artigos estão relacionados nos links abaixo, em ordem decrescente de publicação:










Anticoncepcionais orais: O que há de novo?