terça-feira, 5 de novembro de 2013

Publicada Portaria que Institui a Rebracim no SUS

Acaba de ser publicada no Diário Oficial da União a Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informação sobre Medicamentos - Rebracim.


A REBRACIM tem como objetivo coordenar e executar serviços e atividades voltados à produção e difusão de informação sobre medicamentos, visando o uso racional destas tecnologias no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.
A rede inicia suas atividades no âmbito do SUS, com 24 centros e serviços de informação ligados e com perspectiva de ampliação para todos os estados.
O Comitê Gestor da rede é coordenado pelo Departamento de Assistência Farmacêutica, que conta ainda com outros departamentos do Ministério da Saúde, Conselho Federal de Farmácia, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Comitê para Promoção do Uso Racional de Medicamentos, Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Organização Panamerica da Saúde.
Confira a publicação no link do DOU (clique aqui)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Assistenfar Real - Do abandono ao excesso de uso, a linha tênue da Adesão a medicamentos

          Hoje visitamos um grande família, composta por Dona Ada, Seu Jô e seus seis filhos. As condições de habitação são precárias, mas os pais dia a dia tentam melhorar e zelar pela única herança que podem deixar a seus herdeiros... nas palavras de Seu Jô "a saúde e a educação". 
        Nessa família foi possível identificar como a doença prejudica profundamente um lar. Há 7 meses Seu Jô teve tuberculose, a doença foi diagnosticada quando já necessitava de internação e afastamento do trabalho. O trabalhador de 50 anos perdeu muito peso, mas conseguiu se recuperar aderindo ao tratamento medicamentoso fornecido pelo SUS. Na realidade a adesão foi muito alta, tanto que Seu Jô utilizou o medicamento um mês a mais do estabelecido em protocolo e a possibilidade de ficar novamente doente o faz utilizar a isoniazida sempre que se sente mal... da ultima vez, uma gripe que o fez suspeitar do retorno da doença foi o motivo para tomar o remédio da tuberculose por 7 dias. Estranho isso? Não, me parece comum, é necessário ter a clareza que os pacientes são os gestores de sua saúde e estão certos de tomar a iniciativa disso, apenas necessitam ter acesso a informação e orientação adequada. Foi isso que fizemos e realizamos uma conversa específica sobre o assunto e as possíveis consequências desse episódio. 
          Apesar de tudo, o que me preocupava na casa na verdade não era Seu Jô e sim sua esposa, Dona Ada, que possuía uma relação de amor e ódio com seus medicamentos. Inicialmente trouxe entusiasmada toda sua cesta de medicamentos... de tudo um pouco tinha ali, alguns vencidos, outros empoeirados. Relatava detalhadamente para toda a equipe multiprofissional, todos os seus problemas e saúde; e pra cada coisa um medicamento que havia sido receitado. Falava com propriedade, pois apesar do problema ocular lia todas as bulas e acreditem, isso não era bom! Pois, cada reação adversa em potencial era sentida por ela após alguns dias de uso, o que a fazia sempre escolher os tratamentos que iria deixar de utilizar. Adicionado a este problema, está o fato de utilizar formas farmacêuticas complexas (spray nasal, bombinha de aerossol, colírio) agravava seu quadro de não cumprimento pois as doses tendiam a ser menor pelo uso inadequado.

           
           Realizamos abordagem sobre o uso de cada medicamento, sua necessidade e modo de utilização e verificamos o nível de compreensão da paciente. 
         O que fica de lição, nesta família é que cada pessoa tem sua própria relação com seus medicamentos e seus próprios mecanismos de gestão da terapia. Para que ocorra um resultado adequado da utilização de medicamentos, sem descumprimentos e sem exagero do uso é necessário que o usuário tenha acesso a informação!

Para saber mais: 




*Para preservação das identidades os nomes dos pacientes foram alterados.

sábado, 17 de agosto de 2013

Dica de Livro - Serviços Farmacêuticos baseados na Atenção Primária a Saúde

Lançado este ano (2013) neste documento a Organização Panamericana da Saúde  (OPAS)  demonstra sua posição com a organização dos serviços farmacêuticos a partir da Atenção Primária a Saúde. 


Os Serviços Farmacêuticos (ou Assistência Farmacêutica, como chamamos no Brasil), assim como todo o serviço de saúde, deve ser centrado na APS entendendo esse nível de atenção como responsável pela resolução da maioria das necessidades de saúde da população.
Para acessar este documento clique aqui

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Novo Decreto Presidencial atualiza Lei de Vigilância Sanitária de 76


Sancionada a quase 40 anos, lei 6360 de Vigilância Sanitária é regulamentada por novo decreto presidencial. Veja as principais mudanças:

Notificações agora são obrigatórias
O novo dispositivo agora já prevê a notificação de eventos adversos e queixas técnicas relacionadas a produtos sujeitos à vigilância sanitária. Com isso, reforça-se a possibilidade e a qualidade do monitoramento de produtos no mercado e, além da melhor gestão da saúde pública. 



Priorização de Registros para o SUS
Foram estabelecidas hipóteses de priorização de registros de produtos na Agência, todas elas alinhadas com as políticas definidas pelo Ministério da Saúde para fortalecimento do Sistema Único de Saúde – SUS e do Complexo Industrial da Saúde.



Autorização de uso mediante interesse do estado e não apenas da Indústria
Mediante solicitação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS - Conitec, a Anvisa poderá emitir autorização de uso para fornecimento, pelo SUS, de medicamentos ou de produtos registrados nos casos em que a indicação de uso pretendida seja distinta daquela aprovada no registro, desde que demonstradas pela Conitec as evidências científicas sobre a eficácia, acurácia, a efetividade e a segurança do medicamento ou do produto para o uso pretendido na solicitação



Registro de Fitoterápicos pela Tradicionalidade do Uso
Reconhecimento da efetividade/eficácia de medicamentos fitoterápicos por meio do uso tradicional, facilitando o registro desses produtos em atendimento às políticas setoriais de saúde.



Conheça o Decreto 8077/13 na integra: clique aqui

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Do Bactrim à Bakhtin: reorientação da profissão farmacêutica para a promoção da saúde

“Medicamentos não têm doses - Pessoas têm doses”, nessa feliz reflexão feita por Cipolle em 1986, está demonstrada a necessidade de transição de uma prática farmacêutica focada no medicamento para uma prática clínica, centrada no paciente.



Na era pré-industrial, o conhecimento pertencia às corporações de ofício. Os canais de difusão e transmissão da informação são essencialmente comunitários e informais e o Boticário inserido no convívio popular exercia seu papel de educação em saúde, mesmo que numa lógica empírica e distante de uma cultura erudita ou cientifica.
Na Revolução Industrial, com a reorganização da produção através da divisão do trabalho, do agrupamento da força de trabalho em fábricas e a centralização dos meios de produção, o farmacêutico pede seu papel na elaboração manufaturada de medicamentos na farmácia, que se torna um ambiente de distribuição da produção industrial, perdendo sua função na atenção a saúde.
A profissão farmacêutica, nesse novo contexto sobre uma reorientação tecnológica, investido no desenvolvimento de atividades focadas principalmente na produção dos medicamentos ou no apoio ao diagnóstico. Perfil ainda predominante entre os profissionais brasileiros.
No entanto atualmente, na era pós-industrial, caracterizada pela evolução dos serviços e pela ascensão da informação como objeto de poder e de transformação social torna-se imperativo a reorientação do trabalho do farmacêutico para o combate as mazelas causadas pelo uso irracional de medicamentos e para a promoção da saúde.
Para o alcance desse objetivo é necessário, ampliar o objeto fim do trabalho do farmacêutico, para além do medicamento em si, mas para o usuário dele. Um profissional com visão estritamente técnica e biológica dos processos de saúde-doença-cuidado e que, ao conversar com um paciente, apenas aborde questões relacionadas ao seu comportamento, sem buscar entender o espaço em que ele vive, suas condições de vida e relações sociais, culpabilizando-o por sua situação, traduz, assim, uma visão de mundo em que o indivíduo é responsável por tudo aquilo que lhe acomete.
O farmacêutico que se propõe a atuar na promoção da saúde deve assumir uma postura diferente diante do sujeito de seu trabalho, deve não apenas garantir que o paciente conheça todos os efeitos e riscos do “Bactrim”, deve na verdade conforme postulado por Bakhtin, conhecer esse indivíduo, seus enunciados, os discursos que traz no seio do próprio discurso, os conflitos ou as possibilidades que podem ser gerados pelos discursos de outrem ali integrados. Podemos pensar o profissional de saúde como um professor e o paciente como um estudante, pois entendemos que essas situações possuem uma dimensão pedagógica, onde se desenvolve uma troca e a construção de saberes em que os sujeitos crescem juntos na busca do objetivo comum pela busca da saúde. 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

CFF regulamentará prescrição farmacêutica. Conheça como essa prática acontece em outros países

Está em consulta publica no Conselho Federal de Farmácia Brasileiro a Resolução que regulamentará a Prescrição Farmacêutica (clique aqui), nela prevê a autorização de prescrição de medicamentos isentos de prescrição médica, as plantas medicinais, as drogas vegetais e os fitoterápicos isentos de prescrição.



Se essa pratica é uma novidade para a realidade brasileira, em alguns países já é uma atividade regulamentada:

1) Reino Unido: Com diretrizes padronizadas pelo NHS – National Health Service (Sistema Nacional de Saúde Britânico), a prescrição farmacêutica britânica pode se dar de duas maneiras: independente ou suplementar.
Na prescrição independente, o farmacêutico pode prescrever qualquer medicamento para qualquer condição médica dentro de sua competência.
Na prescrição suplementar os farmaceuticos são responsáveis ​​por continuar o tratamento depois de um prescritor independente realizou previamente uma avaliação de saúde. Eles trabalham com o prescritor independente para cumprir um plano de gestão clínica acordada.

Para saber mais confira o documento: Exploring and Evaluating Pharmacist Prescribing



2) No Canadá: a prescrição é permitida aos farmaceuticos, que devem participar de um permanente programa de atualização, com acompanhamento das sociedades de classe. Pode prescrever medicamentos para o tratamento suplementar, condições ou doenças auto-diagnosticada ou auto-limitante, ajustando dosagens e formas farmacêuticas; monitoramento e recarga de prescrições para garantir atendimento adequado e eficaz; fornecimento de suprimentos de emergência de medicamentos previamente prescritos e gestão abrangente terapia medicamentosa, onde o farmacêutico, trabalhando com outros profissionais de saúde, assume toda a responsabilidade por estabelecer e manter a terapia crônica da droga de um paciente.

Outros modelos de prescrição farmacêutica também podem ser encontrados na Austrália, Estados Unidos e Africa do Sul com diferentes níveis de desenvolvimento e abrangência, conforme tabela abaixo:

  

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Medicamentos financiados pelo SUS para cessar o tabagismo

O tabagismo é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, epidêmica, sendo a maior causa isolada evitável de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo.




A dependência à nicotina é um processo complexo que envolve a inter-relação de fatores fisiológicos, psicológicos e comportamentais.





O uso de medicamentos tem um papel bem definido no processo de cessação do tabagismo, que é o de minimizar os sintomas da síndrome de abstinência à nicotina, facilitando a abordagem psicológica do tabagista. Estudos de meta-análise demonstraram que a combinação da abordagem com o uso de medicamentos aumentou significativamente as taxas de cessação do tabagismo em comparação com a utilização de um dos dois (abordagem ou medicamentos) isoladamente. Portanto, qualquer medicamento não deve ser utilizado isoladamente, e sim em associação com acompanhamento ao tabagista.
O Ministério da Saúde, por meio do Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica, financia o tratamento medicamentoso para os brasileiros que decidam parar de fumar. Fazem parte do rol os seguintes medicamentos:

1 – Goma de Mascar de Nicotina
Apresentação: goma de mascar em tabletes com 2 mg de nicotina

2 – Pastilha de Nicotina
Apresentação: pastilha em tabletes de 2mg de nicotina

3 - Adesivo Transdérmico de Nicotina
Apresentações: adesivos transdérmicos de nicotina com liberação de 7 mg, 14 mg e 21 mg em 24hs

4 – Cloridrato de Bupropiona
Apresentação: Bupropiona em comprimidos de 150 mg

O Ministério da Saúde se planeja para aumentar a adesão de unidades que fornecem o tratamento para cessão do tabagismo. A meta é que até 30 mil unidades de saúde disponibilizem o serviço.



sexta-feira, 24 de maio de 2013

Você conhece os 12 fitoterápicos financiados pelo SUS?

Abaixo estão descritos os 12 fitoterápicos que estão incluídos na RENAME 2012 e fazem parte do financiamento do componente básico da Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde:

1) Alcachofra (Cynara scolymus L.)
Tratamento dos sintomas de dispepsia funcional (síndrome do desconforto pós-prandial) e de hipercolesterolemia leve a moderada. Apresenta ação colagoga e colerética.
Apresentação: cápsula, comprimido, drágea, solução oral e tintura



2) Aroeira (Schinus terebenthifolius Raddi)
Apresenta ação cicatrizante, antiinflamatória e anti-séptica tópica, para uso ginecológico
Apresentação: gel e óvulo



3) Babosa (Aloe vera (L.) Burm. f.)

Tratamento tópico de queimaduras de 1º e 2º graus e como coadjuvante nos casos de Psoríase vulgaris
Apresentação: creme




4) Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana DC.)
Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal eventual
Apresentação: cápsula e tintura





5) Espinheira-santa (Maytenus officinalis Mabb.)
Coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera gastroduodenal e sintomas dispepsia
Apresentação: cápsula, emulsão, solução oral e tintura




6) Guaco (Mikania glomerata Spreng.)
Apresenta ação expectorante e broncodilatadora
Apresentação: cápsula, solução, oral, tintura e xarope



7) Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens)
Tratamento da dor lombar baixa aguda e como coadjuvante nos casos de osteoartrite. Apresenta ação antiinflamatória
Apresentação: cápsula, comprimido 



8) Hortelã (Mentha x piperita L.)
Tratamento da síndrome do cólon irritável. Apresenta ação antiflatulenta e antiespasmódica
Apresentação: cápsula



9) Isoflavona-de-soja (Glycine max (L.) Merr.)
Coadjuvante no alívio dos sintomas do climatério 
Apresentação: cápsula e comprimido 



10) Plantago (Plantago ovata Forssk.)
Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal habitual. Tratamento da síndrome do cólon irritável
Apresentação: pó para dispersão oral



11) Salgueiro (Salix alba L.)
Tratamento de dor lombar baixa aguda. Apresenta ação antiinflamatória
Apresentação: comprimido



12) Unha-de-gato (Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult.))
Coadjuvante nos casos de artrites e osteoartrite. Apresenta ação antiinflamatória e imunomoduladora
Apresentação: cápsula, comprimido e gel





sexta-feira, 3 de maio de 2013

Indicadores de Seleção de Medicamentos: É necessário qualificar essa política.


Como estratégia consolidada para promoção da utilização adequada de medicamentos e otimização de recursos está à instituição de políticas de medicamentos essenciais. Estes são definidos pela OMS como medicamentos que satisfazem as necessidades prioritárias de cuidados em saúde da população.

A avaliação de fármacos e a tomada de decisão sobre a sua inclusão na lista de medicamentos essenciais são realizadas por Comissões de Farmácia e Terapêutica (CFT), que estão em operação há anos em instituições de saúde do mundo todo.
Embora haja a recomendação, não existe a obrigatoriedade da existência da CFT em serviços de saúde, como ocorre com as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Em 2003, um estudo realizado em 250 hospitais brasileiros verificou que 139 hospitais possuíam CCIH e 29 hospitais possuíam CFT. Em nove destes hospitais, o comitê funcionava regularmente, ou seja, com no mínimo uma reunião a cada dois meses.
Para avaliar a implantação do processo de seleção nos serviços de saúde, compartilhamos uma aula exclusiva que aborda alguns indicadores de seleção, bem como algumas sugestões de fontes de informação com acesso gratuito para a qualificação dos trabalhos da CFT.
Abaixo o link para a Aula de Indicadores de Seleção de Medicamentos:


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Artigo em Destaque: Farmacêutico, profissional de saúde e cidadão

Hoje, em comemoração ao 01 de maio, dia internacional do trabalhador, destacamos um interessante artigo que fala sobre o trabalhador farmacêutico, tão essencial aos cuidados de saúde da população.



O artigo aborda aspectos importantes para a reflexão da condição do farmacêutico como profissional e como cidadão capaz de atuar em sociedade. E contrariando qualquer tipo de expectativa prévia, não foi elaborado por um farmacêutico e sim por uma médica, a pesquisadora Suely Rozenfeld (lattes) da Fiocruz.

O artigo está disponivel para acesso gratuito na base de dados scielo: Clique aqui   

sábado, 27 de abril de 2013

Farmacêutico: Cuidador ou Digitador?

No dia 16 de Abril a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou o inicio da escrituração de Antimicrobianos para as farmácias de todo o país, por meio de uma nota técnica. Um avanço para o Uso Racional de Medicamentos?



Nem tanto. Sem dúvida, o aumento do controle desses medicamentos está associado a uma redução dos casos de automedição e a prevenção de resistência microbiana na comunidade. Porém, para garantir esse tipo de controle a Anvisa acabou gerando outro problema para a classe farmacêutica e para a população: o afastamento do farmacêutico das atividades de cuidado ao paciente, pois cada vez mais ele está sujeito a atividades operacionais relacionadas a regulação sanitária.

Parte do dia-a-dia do profissional farmacêutico hoje já está dedicado a escrituração das vendas dos medicamentos psicotrópicos e demais da portaria MS 344/98. Pois de acordo com a RDC que regulamenta o Sistema de Gerenciamento de Produtos Controlados - SNGPC: "O responsável técnico do estabelecimento, portador do perfil de transmissor do SNGPC, é o profissional responsável pela escrituração do estoque e da movimentação de substâncias junto ao referido sistema". Agora com a necessidade de escrituração dos Antimicrobianos, essa decisão preocupa a categoria e virou motivo de indignação e piada entre os profissionais.

 (fonte: facebook lucas gibaile farmaceutico)

Essa preocupação se tornou ainda mais evidente quando o Conselho Federal de Farmácia (CFF) decidiu emitir comunicado relatando uma alteração na Resolução 542/11 que regulamenta a dispensação de antimicrobianos, determinando que:

"O FARMACÊUTICO PODERÁ ATRIBUIR A ESCRITURAÇÃO DAS RECEITAS DE ANTIMICROBIANOS A FUNCIONÁRIO POR ELE TREINADO E SOB SUA ESTRITA SUPERVISÃO. PORÉM, A CONFERÊNCIA E A TRANSMISSÃO DOS DADOS É ATIVIDADE INDELEGÁVEL DO FARMACÊUTICO."

Alguns críticos a esta decisão afirmam que a medida legitima uma conduta ainda comum país que é a "assinatura" da farmácia, onde o profissional se isenta de suas ações por meio de acordos ilegais com os proprietários do estabelecimento. Já discutimos esse assunto inclusive aqui no Blog (clique aqui).

A verdade é que a parte corrupta da classe continuará com a mesma prática até que mecanismos eficazes de fiscalização sejam realmente implantados. Pois, já há vários relatos de profissionais que repassam suas senhas do SNGPC.

Quem não pode ser penalizado é o farmacêutico que luta no seu dia-a-dia para garantir que o uso racional de medicamentos se estabeleça, aquele que se dedica a orientação e ao cuidado dos pacientes.

Afinal a sociedade necessita de farmacêuticos digitadores ou farmacêuticos cuidadores? Para a segunda alternativa é necessária regulamentação e fiscalização para garantia de farmacêutico disponível para orientação em todo o horário de funcionamento da empresa; modernização dos sistemas de controle da Anvisa para minimização do tempo dedicado a processos de digitação e envio de informações; e principalmente fomentar a cultura nas universidades, nos conselhos, associações e no cotidiano profissional da figura do farmacêutico que se dedica e zela pelo cuidado da população.

"O uso racional de medicamentos não é apenas mais uma área de atuação do farmacêutico, é sua razão de ser"


sexta-feira, 26 de abril de 2013

12 Recomendações da OMS para URM: como o Brasil está?


Há “uso racional de medicamentos”, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando “pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade”. 



Para superar o quadro mundial de uso irracional de medicamentos a OMS recomenda 12 recomendações para que os governos promovam a melhora na utilização de fármacos  Abaixo destacamos as recomendações e ações adotadas no Brasil:

1. Comitê nacional estabelecido de forma multidisciplinar para coordenar as políticas de uso racional:
Desde junho de 2007, o Brasil possui um Comitê Nacional para a promoção do Uso Racional de Medicamentos que busca identificar e propor estratégias de articulação, de monitoramento e avaliação da promoção do uso racional de medicamentos. O comitê gerencia também o Prêmio Nacional de Incentivo à Promoção do Uso Racional de Medicamentos.


2. Diretrizes clínicas:
Vem sendo desenvolvidos a partir de 2002 e publicados por meio de portarias do Ministério da Saúde como Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas - PCDT


3. Listas de medicamentos essenciais:

A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é uma publicação do Ministério da Saúde com os medicamentos para combater as doenças mais comuns que atingem a população brasileira. Os estados utilizam a Rename para elaborar suas listas de assistência farmacêutica. A ultima atualização da lista foi a Rename 2012


4. Comitês de Farmácia e Terapêutica em distritos e hospitais:

No Brasil, embora haja a recomendação, não existe a obrigatoriedade da existência desses comitês nos serviços de saúde, como acontece com as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), o que talvez explique sua pouca implantação nos hospitais brasileiros. De 250 hospitais avaliados no país por Osório e Castilho (2004), 139 hospitais possuíam CCIH e apenas 29 hospitais possuíam CFT.  


5. Capacitação em Farmacoterapia baseada em problemas nos cursos de graduação:

Algumas iniciativas de cursos de medicina baseados em modelos de problematização já avançaram no enfoque da farmacoterapia dos cursos. Novas diretrizes do MEC para cursos de Farmácia com a formatação do "farmacêutico generalista" também recomendam maior enfoque na utilização de medicamentos, porém as mudanças estão sendo vagarosas e os cursos ainda possuem modelos focados nas analises clinicas e/ou na tecnologia farmacêutica.


6. Educação médica continuada em serviço como requisito para registro profissional:

Ao contrario do que ocorre em boa parte dos países desenvolvidos, a comprovação de capacitação permanente não é pre-requisito para continuidade de registro nos conselhos de medicina e também nos demais conselhos profissionais da área da saúde.

7. Supervisão, auditoria e retro-alimentação:
Apesar da criação do Comitê de promoção do URM, o ministério da saúde não possui programas ou ações especificas para monitoramento da utilização de medicamentos. Este ano porém será realizada um grande pesquisa com base populacional que irá traçar um diagnóstico inicial sobre o tema: Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil (PNAUM).

8. Informação fidedigna e isenta sobre medicamentos:
Há várias regulamentações da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sobre a publicidade de medicamentos, porém por pesquisa desta agencia a influência da industria  divulgação de informações sobre medicamentos junto aos profissionais de saúde (inclusive do SUS) ainda é muito grande.


9. Educação dos usuários sobre medicamentos:

Há varias iniciativas isoladas de projetos de educação sobre medicamentos, uma das mais destacadas é a Campanha “Informação é o melhor remédio” realizada pela ANVISA e Departamento de Assistência Farmacêutica do MS. Porém a falta de garantia da presença do farmacêutico nas farmácia ainda é uma barreira. Estimasse que cerca de 17% das farmácias brasileiras não possuem farmacêuticos.

10. Não permissão a incentivos perversos:
O combate a corrupção, apesar de necessitar de mais avanços, está cada vez mais regulado. O Conselho Federal de Medicina já instituiu Protocolo de Relações do Médico com a Industria Farmacêutica e a ANVISA também regulamenta vários aspectos relacionados, inclusive sobre a distribuição de amostras-grátis.


11. Regulamentação e fiscalização apropriadas:

Nesse ponto grandes avanços foram possíveis com a criação da ANVISA, no entanto a falta de capacidade operacional da agência impossibilita uma ação mais efetiva de fiscalização junto as empresas. Relatos indicam que as fiscalizações em loco da ANVISA são bienais. 


12. Gasto governamental suficiente para assegurar disponibilidade de medicamentos e infraestrutura:

Nunca se gastou tanto no governo brasileiro com aquisição de medicamentos, de 2002 a 2006 o percentual gasto em medicamentos pelo Ministério da Saúde aumentou  progressivamente, de forma que em 2002 correspondeu a 5,4% do gasto total em saúde e a 11% em 2006, graças a criação de blocos específicos para o financiamento da Assistência Farmacêutica. 


Para saber mais sobre essas doze recomendações da OMS, confira o artigo abaixo:



sábado, 20 de abril de 2013

Você sabe o que é Reconciliação de Medicamentos?

A Reconciliação de Medicamentos é uma intervenção feita por farmacêuticos que está se consolidando como uma das principais recomendações internacionais para garantir a segurança do paciente. 




Na reconciliação, o farmacêutico atende um paciente em um determinado serviço de saúde e realiza um estudo detalhado sobre os medicamentos que ele utilizava antes e que utilizará durante ou após o atendimento do serviço seja um hospital ou qualquer unidade de saúde.

Grande parte dos pacientes atendidos em unidades hospitalares, interrompem ou continuam a utilização de medicamentos anteriores a internação de maneira incorreta. Esse quadro causa sérios riscos a segurança do paciente, tanto que organismos internacionais como The Joint Commission incluiu essa atividade como pré-requisito obrigatório para seus processos de acreditação.

Quer conhecer mais sobre a Reconciliação de Medicamentos? 

Então acesse a mais nova sessão do nosso blog com disponibilização de aulas online gratuitas sobre temas relevantes para a Assistência Farmacêutica. Iniciando com a Aula de Reconciliação de Medicamentos gentilmente cedida e produzida pela Farmacêutica Diana Graziele do Santos colaboradora do nosso Blog.

Link para a Aula:

quarta-feira, 6 de março de 2013

AF no Mundo - Crise na Grécia causa pânico por desabastecimento em Farmácias

Fonte: The Guardian

Mulher em estado escritório fundo de saúde em Atenas


A Grécia enfrenta uma grave escassez de medicamentos. Centenas de medicamentos estão em falta e a situação está piorando segundo o órgão de regulamentação do governo.

As faltas estão ocorrendo devido a redução ou interrupção de abastecimento de grandes empresas multinacionais. O governo elaborou uma lista de mais de 50 empresas farmacêuticas que acusa de travar ou planejar a interrupção de abastecimento por causa dos preços baixos no país, um dos mais baixos de toda a Europa.

Mais de 200 medicamentos são afetados, incluindo tratamentos para a artrite, hepatite C e hipertensão, agentes redutores do colesterol, antipsicóticos, antibióticos, anestésicos e imunomoduladores.   

O órgão que representa os farmacêuticos no país, a Associação Pan-helênica de Farmacêuticos confirmou as faltas. "Eu diria que os estoques de suprimentos estão reduzidos a 90%", disse Dimitris Karageorgiou, o seu secretário-geral. "Cerca de 300 drogas estão em falta o que incluem medicamentos para pacientes com câncer e pessoas que sofrem de depressão clínica", disse Karageorgiou. "É uma vergonha. O governo está em pânico e as multinacionais só pensam em si, restringido a venda a outros países europeus por um preço maior."

Para mais informações, confira a matéria completa: clique aqui