domingo, 23 de janeiro de 2011

Os 10 medicamentos que revolucionaram os cuidados em saúde


1. PENICILINA: Por incrível que pareça o marco inicial da era dos antibióticos surgiu de um acidente. Em 1928 quando Alexander Fleming saiu de férias e esqueceu algumas placas com culturas de microrganismos em seu laboratório no Hospital St. Mary em Londres. Quando voltou, reparou que uma das suas culturas de Staphylococcus tinha sido contaminada por um bolor, e em volta das colônias deste não havia mais bactérias. Então Fleming e seu colega, Dr. Pryce, descobriram um fungo do gênero Penicillium, e demonstraram que o fungo produzia uma substância responsável pelo efeito bactericida: a penicilina. Esta foi obtida em forma purificada por Howard Florey e Ernst Chain da Universidade de Oxford, muitos anos depois, em 1940. Em 1941, os seus efeitos foram demonstrados em humanos. O primeiro homem a ser tratado com penicilina foi um agente da polícia que sofria de septicemia com abcessos disseminados, uma condição geralmente fatal na época. Em 1945, Fleming, Florey e Chain receberam o Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina por este trabalho. A penicilina salvou milhares de vidas de soldados dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Durante muito tempo, o capítulo que a penicilina abriu na história da Medicina parecia prometer o fim das doenças infecciosas de origem bacteriana como causa de mortalidade humana.
2. PÍLULA ANTICONCEPCIONAL: Vendida com o nome de Enovid®, era composta por 150 mg de estrogênio sintético e 9,85 mg de derivado de progesterona – com dose de hormônios muito superior que as pílulas atuais. "A invenção da pílula revolucionou a sexualidade feminina e abriu caminho para o movimento de libertação da mulher. Permitiu que as mulheres pudessem planejar o número de filhos e o momento apropriado para tê-los", afirma Ângela Maggio da Fonseca, professora de ginecologia da USP e uma das autoras de "História da Anticoncepção" (ed. Casa Leitura Médica). A pílula anticoncepcional, cujo aniversário de 50 anos foi celebrado em 2010, é sem duvida um dos avanços científicos mais importantes do século 20. Muita coisa foi escrita sobre como a pílula revolucionou as relações sexuais e sociais, permitindo que mulheres adiassem a gravidez, entrassem no mercado de trabalho e fizessem escolhas de vida que suas mães não puderam fazer. A pílula ainda é um método líder de contracepção, usado por mais de 100 milhões de mulheres ao redor do mundo.
3. INSULINA: Em 1869, Paul Langerhans, um estudante de medicina em Berlin, estudava a estrutura do pâncreas através de um microscópio quando sugeriu que tais células poderiam produzir algum tipo de secreção que participasse no processo de digestão. Em 1889, o médico teuto-polonês Oscar Minkowski em colaboração com Joseph von Mehring removeu o pâncreas de um cão saudável para demonstrar o papel do órgão na digestão de alimentos. Vários dias após a remoção do pâncreas, o guarda do cão reparou que existiam muitas moscas a alimentarem-se da urina do animal. Verificou-se com o teste da urina do cão que havia açúcar nesta, o que demonstrou pela primeira vez a relação entre o pâncreas e a diabetes. Durante as duas décadas seguintes foram feitas várias tentativas de isolamento da secreção das ilhotas como um tratamento potencial de diabetes. Em 11 de janeiro de 1922, Leonard Thompson, um diabético de quatorze anos, recebeu a primeira injeção de insulina. Infelizmente, o extrato estava tão impuro que ele acabou sofrendo uma reação alérgica severa, e injeções adicionais foram canceladas. Após algumas melhoras nas técnicas de preparo os pesquisadores receberam uma oferta de ajuda de Eli Lilly que conseguiu a façanha de produzir grandes quantidades de insulina bastante pura. Depois disso, a insulina foi lançada no mercado. Contrariando as tendências mercadologicas e demonstrando a importância da descoberta para os tratamentos no mundo os pesquisadores responsáveis pela obtenção da insulina decidiram vender a patente da mesma para a Universidade de Toronto por 1 dollar.
4. ASPIRINA: Aspirina, em alguns países, é ainda nome comercial registrado, propriedade dos laboratórios farmacêuticos da Bayer para o composto ácido acetilsalicílico. No entanto, é igualmente reconhecido como nome genérico do princípio activo, e é por esse nome que é habitualmente referida na literatura farmacológica e médica. É um fármaco do grupo dos anti-inflamatórios não-esteroides (AINE), utilizado como anti-inflamatório, antipirético, analgésico e também como antiplaquetário. É o medicamento mais conhecido e um dos mais consumidos em todo o mundo. Em 1999 a Aspirina completou 100 anos. Porém já no século V a.C., Hipócrates, médico grego e pai da medicina científica, já havia descrito que o pó ácido da casca do salgueiro ou chorão (que contém salicilatos mas é potencialmente tóxico) aliviava dores e diminuía a febre. Esse remédio também é mencionado em textos das civilizações antigas do Médio Oriente, Suméria, Egito e Assíria. Os nativos americanos usavam-no também para dores de cabeça, febre, reumatismo e tremores. Em 1897, o laboratório farmacêutico alemão Bayer, conjugou quimicamente o ácido salicílico com acetato, criando o ácido acetilsalicílico (Aspirina), que descobriram ser menos tóxico. O ácido acetilsalicílico foi o primeiro fármaco a ser sintetizado na história da farmácia e não recolhido na sua forma final da natureza. Foi a primeira criação da indústria farmacêutica. Foi também o primeiro fármaco vendido em tabletes.
5. VACINA CONTRA VARIOLA: O criador da primeira vacina, contra a varíola, foi Edward Jenner. Em 1796 Jenner observou que as vacas tinham nas tetas feridas iguais às provocadas pela varíola no corpo de humanos. Os animais tinham uma versão mais leve da doença, a varíola bovina, ou bexiga vacum. Ao observar que as moças responsáveis pela ordenha, que comumente acabavam infectadas pela doença bovina tinham uma versão mais suave da doença, ficando imunizadas ao vírus humano, ele recolheu o líquido que saía destas feridas e o passou em cima de arranhões que ele provocou no braço de um garoto, seu filho. O menino teve um pouco de febre e algumas lesões leves, tendo uma recuperação rápida. A partir daí, o cientista pegou o líquido da ferida de outro paciente com varíola e novamente expôs o garoto ao material. Semanas depois, ao entrar em contato com o vírus da varíola, o pequeno passou incólume à doença. Estava descoberta assim a propriedade de imunização (o termo vacina seria, portanto, derivado de vacca, no latim). A varíola matou quase 500 milhões de pessoas só no século XX. O último caso registado de varíola ocorreu na Somália em 1977 e o vírus hoje é guardado em dois centros governamentais bem vigiados, o Laboratório de Controle de Doenças (CDC) de Atlanta, EUA e pelo Instituto Vector em Novosibirsk, na Rússia. A OMS pede que as amostras sejam destruídas, mas há resistência de alguns cientistas contra esta decisão.
6. SILDENAFILA: O sildenafila foi sintetizado por um grupo de farmacêuticos que trabalhavam nas pesquisas do grupo Pfizer, nos Estados Unidos. Primeiramente foi estudada para o uso em hipertensão (alta pressão sanguínea) e angina (uma forma de doença cardiovascular isquêmica). As primeiras impressões sugeriram que a droga tinha um pequeno efeito sobre a angina, mas que podia induzir fortemente ereções penianas. A Pfizer conseqüentemente decidiu comercializá-la como tratamento para a disfunção erétil, ao invés de tratamento para a angina. A droga foi patenteada em 1996, e aprovada para uso na disfunção erétil pela Food and Drug Administration (FDA) em 27 de Março de 1998, tornando-se a primeira pílula a ser aprovada nos Estados Unidos para o tratamento das disfunções eréteis, sendo oferecida para venda um ano depois. Rapidamente ela se tornou um grande sucesso: as vendas anuais de Viagra® no período de 1999–2001 excederam 1 bilhão de dólares. Embora o sildenafila seja disponível somente através de prescrição médica, ela foi anunciada diretamente aos consumidores em comerciais de TV no mundo todo. Assim como a pílula anticoncepcional revolucionou o mundo feminino a “pilula azul” modificou as relações de sexualidade de milhares de homens que sodriam com os estigmas da impotência sexual.
7. FLUOXETINA: Fluoxetina é um medicamento antidepressivo da classe dos inibidores selectivos da recaptação da serotonina. Suas principais indicações são para uso em depressão moderada a grave, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e bulimia nervosa. É utilizado na forma de cloridrato de fluoxetina, como cápsulas ou em solução oral. Foi sintetizada e comercializada inicialmente pela companhia farmacêutica Eli Lilly com o nome Prozac®. Chamada de a “pilula da felicidade” o Prosac® tem sua importância graças a grande popularização dos tratamentos psiquiatricos pela aproximação da ciência de Freud com a biologia. Apesar da existência anterior de outros antidepressivos com relativa eficácia, a fluoxetina avança pela diminuição dos efeitos secundários indesejáveis. Além disso a possibilidade de resolução de transtornos mentais com tratamentos distantes da agressividade e sofrimento das casas repouso e centros manicomiais. A popularização dos antidepressivos ficou evidente o filme “Geração Prosac” que discute sobre depressão, tratamento e dependência dos polémicos tratamentos psicofarmacológicos.
8. MOSTARDA NITROGENADA: A primeira droga usada para a quimioterapia do câncer, entretanto, data por volta do século XX, através de uma substância que não foi primeiramente usada com este propósito. O gás mostarda foi usado na guerra química durante a Primeira Guerra Mundial e foi estudada posteriormente durante a Segunda Guerra Mundial. Durante uma operação militar na Segunda Guerra Mundial, um grupo de pessoas foram expostas acidentalmente ao gás mostarda e posteriormente descobriu-se que ela tiveram uma diminuição na contagem de leucócitos do sangue. Foi então deduzido que um agente que danificava rapidamente o crescimento de leucócitos deveria ter um efeito similar no câncer. Depois disto, na década de 1940, muitos pacientes com linfoma avançado receberam a droga por via intravenosa, ao invés de inalar o gás. O Nitrogênio mostarda (mecloretamina) se torna o primeiro agente químico aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento de câncer. Nitrogen mustard belongs to a class of drugs called alkylating agents, which kill cancer cells by chemically modifying their DNA. A mostarda nitrogenada pertence a uma classe de medicamentos chamados agentes alquilantes, que matam as células cancerosas através da modificação química de seu DNA. A melhora destes pacientes, embora temporária, foi notável. Esta experiência levou a pesquisas com outras substâncias que tinham efeito similar contra o câncer. Como resultado, muitas outras drogas foram sendo desenvolvidas no tratamento contra o câncer.
9. ZIDOVUDINA (AZT): A zidovudina foi à primeira droga aprovada para o tratamento da infecção do VIH/SIDA. Jerome Horwitz do Barbara Ann Karmanos Cancer Institute e Wayne State University School of Medicine sintetizou o AZT em 1964. O AZT foi originalmente pensado como uma droga anti-cancro, mas foi arquivada quando se conclui que não era suficientemente efectiva contra tumores em ratos. O tempo entre a primeira demonstração que o AZT era activo contra o VIH no laboratório e a sua aprovação foi de apenas 25 meses, que é um dos mais curtos períodos de desenvolvimento de uma droga na história recente. O AZT foi subsequentemente aprovado como tratamento preventivo em 1990. Foi inicialmente administrado em doses muito maiores que as actuais, tipicamente 400 mg a cada quatro horas (mesmo durante a noite). No entanto, a falta de alternativas na altura para tratar a SIDA/AIDS afectou o rácio risco/benefício, com a garantida toxicidade da infecção VIH ultrapassando o risco de toxicidade da droga. Um dos efeitos secundários do AZT é anemia, uma queixa frequente nos ensaios clínicos. Os regimes de tratamento actuais envolvem doses menores (e.g., 300 mg) de AZT tomados duas vezes ao dia, e quase sempre como parte da highly active antiretroviral therapy (HAART). O AZT é combinado com outras drogras para evitar a mutação do VIH em formas resistentes a este medicamento.
10. TALIDOMIDA: A talidomida chegou ao mercado pela primeira vez na Alemanha em 1º de outubro de 1957. Foi comercializada como um sedativo e hipnótico com poucos efeitos colaterais. A indústria farmacêutica que a desenvolveu acreditou que o medicamento era tão seguro que era propício para prescrever a mulheres grávidas, para combater enjôos matinais. Foi rapidamente prescrita a milhares de mulheres e espalhada para todas as partes do mundo (46 países), sem circular no mercado norte-americano. Os procedimentos de testes de drogas naquela época eram muito menos rígidos e, por isso, os testes feitos na talidomida não revelaram seus efeitos teratogénicos. Os testes em roedores, que metabolizavam a droga de forma diferente de humanos, não acusaram problemas. Mais tarde, foram feitos os mesmos testes em coelhos e primatas, que produziram os mesmos efeitos horríveis que a droga causa em fetos humanos. No final dos anos 1950, foram descritos na Alemanha, Reino Unido e Austrália os primeiros casos de malformações congênitas onde crianças passaram a nascer com focomielia, mas não foi imediatamente óbvio o motivo para tal doença. Os bebês nascidos desta tragédia são chamados de "bebês da talidomida", ou "geração talidomida". Em 1962, quando já havia mais de 10.000 casos de defeitos congênitos a ela associados em todo o mundo, a Talidomida foi removida da lista de remédios indicados.  A grande revolução provocada pela Talidomida não está na plerpecidade dos seus danos causados, mas nas mudança de paradigma no controle regulatório dos medicamentos. Com esse lamentável evento o mundo inteiro começou a investir na prevenção de danos e nas estratégias de promoção da segurança do uso de medicamentos, não poderíamos pensar em bases tão solidas de farmacovigilância sem o grande alerta da talidomida.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Seleção de Medicamentos: Política fundamental para o uso racional de tecnologias em saúde.


             Em 1977, publicou-se a primeira lista modelo de medicamentos essenciais com 205 itens (186 medicamentos). Desde então, 16 revisões foram publicadas, e 156 países membros adotaram listas de medicamentos essenciais. Ao correr desses anos, a lista foi muito atacada pela indústria que a considerava demasiado restritiva.
Contrariando as pressões mercadológicas, cada vez mais os países têm adotado políticas de medicamentos essenciais como ferramenta para a garantia da continuidade do financiamento da saúde haja vista que os gastos com medicamentos tornaram-se importantes restrições dos orçamentos públicos. Em 2009 o Ministério da Saúde gastou quase R$ 6 bilhões com medicamentos o que representou 11,1% do orçamento. 
Além da sua importância econômica, as Listas de Medicamentos Essenciais são fundamentais para a definição de uma política de uso racional de medicamentos com critérios bem definidos de seleção assegurando que os usuários dos serviços de saúde não sejam expostos a terapias inseguras, com baixos níveis de eficácia e com implicações graves nos tratamentos ofertados.
            Segundo a Organização Médicos sem Fronteiras “a primeira lista constituiu a maior revolução na história da medicina, farmácia e saúde pública” (Médecins sans Frontières, 2000)
            Com o passar dos anos o processo de padronização de medicamentos essenciais tem evoluído quanto aos critérios de seleção: a escolha baseada na experiência dos clínicos em geral tem dado lugar às evidencias científicas principalmente com a difusão da Medicina Baseada em Evidências (MBE).
            Na rede hospitalar que trabalho, estamos vivendo um grande processo avaliação das tecnologias em saúde, através da implantação de Comissões de Farmácia e Terapêutica. Posso identificar algumas etapas importantes para a efetiva implantação desta política:
1)      FASE POLÍTICA: Neste momento é fundamental assegurar o apoio da gestão e das diferentes referencias técnicas envolvidas (enfermagem, farmácia, diversas especialidades técnicas existentes), é preciso informar sobre a importância do trabalho, seus impactos nos custos e cuidados de saúde;
2)      FASE DE ORGANIZAÇÃO: Etapa de suma importância para um inicio efetivo da política de medicamentos essenciais. É preciso formar uma comissão de profissionais com expertise e compromisso com o uso racional de medicamentos sem qualquer conflito de interesses. Esse grupo é definido de acordo com a localidade como Comissão de Medicamentos, Comissão de Padronização, Comissão de Farmacoterapia entre outros. Nós definimos como Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) no sentido de indicar a esta comissão não apenas a função de “padronização” de uma lista de medicamentos, mas também com o objetivo de definir critérios de utilização com protocolos bem definidos, além de englobar a seleção de materiais médico hospitalares e outros produtos para a saúde. Nesta fase é necessária a nomeação oficial dos membros, construção de regimento específico para o funcionamento da CFT, regras para inclusão, exclusão e substituição de itens. Devem-se garantir a participação de pessoas estratégicas na comissão de acordo com as especialidades presentes no hospital (participação da CCIH, Farmácia, Enfermagem, RTs de Anestesiologia, Cirurgia Geral, Oncologia, Terapia Intensiva, Pediatria, entre outros). Deve ser definida a responsabilidade de cada membro na comissão (presidente, vice, secretário)
3)      FASE DE IMPLEMENTAÇÃO EFETIVA: Com a CFT oficializada (importante que os membros assinem um termo onde declaram isenção de interesses), deve-se iniciar os trabalhos com a definição dos itens selecionados, todas as demais funções da comissão precedem a divulgação de uma lista oficial. Na instituição que trabalho nós iniciamos os trabalhos pela seleção de medicamentos, relacionamos os medicamentos mais utilizados na instituição, dividimos os itens em classes de acordo com a Anatomical Therapeutic Chemical Classification (ATC) da OMS, alguns membros foram escolhidos para discutir com as equipes, pesquisar na literatura e emitir pareceres para a CFT (ex. o infectologista da comissão discute com a equipe da CCIH e realiza pesquisas em bases de dados como cochrane, Lilacs e Medline para emissão do seu parecer sobre a lista de antimicrobianos que será discutida posteriormente com os demais membros da comissão). Após discussão minuciosa da comissão que deve avaliar parâmetros de efetividade, segurança, comodidade posológica, características farmacêuticas e farmacoeconômicas, a mesma deverá emitir sua decisão final a gestão da instituição. Para ampliar a discussão é interessante cogitar a possibilidade de consulta pública no site da instituição.
4)      FASE DE CONTINUIDADE: Após a aprovação da lista a comissão deve investir na efetiva divulgação desta com criação de guias terapêuticos (um bom indicador de efetivação da política de medicamentos essenciais é o nº de tiragem de guias pelo nº de prescritores da instituição). A CFT deve se reunir periodicamente para rever a relação de itens, avaliar as solicitações de alteração da lista proposta por outros profissionais, elaborar protocolos terapêuticos para a utilização de medicamentos e correlatos nos processos terapêuticos entre outras ações de fomento do uso racional de tecnologias em saúde.
Para apoio neste processo é importante utilizar documentos de referencia como a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e o Formulário Terapêutico Nacional (FTN) ambos acabaram de ser atualizados para a versão 2010 além de documentos internacionais como The Selection and Use of Essential Medicines da Organização Mundial de Saúde que possui diretrizes para a seleção de medicamentos e inclui a relação de medicamentos recomendados pela OMS.

Logo vou estar disponibilizando mais arquivos para auxilio nos processos de seleção de  tecnologias.

                                                           Um abraço a tod@s!!!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Primeira Portaria Ministerial Brasileira sobre Farmácia Hospitalar

  
 "Os farmacêuticos hospitalares brasileiros iniciam o ano de 2011, tendo como marco político a publicação da Portaria do Ministro da Saúde Nº 4.283, que aprova as diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais." (SBRAFH)
É com muito entusiasmo que a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar divulga a publicação da primeira portaria do Ministério da Saúde dedicada exclusivamente a proposição de diretrizes para a Farmácia Hospitalar.
Publicada em 31 de dezembro de 2010, a referida portaria foi resultado de uma série de discussões realizadas por grupo de trabalho - GT, instituído pelo Ministério da Saúde que contou a participação da SBRAFH, CFF, CONASS, CONASEMS, ANS, CNS, Secretaria de Atenção a Saúde - SAS/MS, ANVISA e FENAFAR.
A portaria avança trazendo como diretrizes para as farmácias hospitalares o gerenciamento de tecnologias, a implantação de sistemas de distribuição seguros enfatizando a avaliação das prescrições pelo farmacêutico, manipulação de medicamentos magistrais, antineoplásicos, nutrição parenteral e radiofármacos, a gestão da informação, da infraestrutura física e tecnológica, e recursos humanos.
Contudo talvez a grande conquista seja o reconhecimento do papel do farmacêutico no cuidado com o paciente, onde afirma que a atividade junto ao paciente: “pressupõe o acesso a ele e seus familiares, ao prontuário, resultados de exames e demais informações, incluindo o diálogo com a equipe que assiste o paciente. O farmacêutico deve registrar as informações relevantes para a tomada de decisão da equipe multiprofissional, bem como sugestões de conduta no manejo da farmacoterapia, assinando as anotações apostas.”
É bem verdade que a realidade da maioria dos hospitais brasileiros passa bem longe do ideal proposto pela portaria, porém trata-se de mais um importante instrumento de pressão política para a adequação dos serviços de assistência farmacêutica hospitalares e para fomentar a verdadeira essência da farmácia hospitalar como promotora da segurança do paciente.

domingo, 2 de janeiro de 2011

As 13 melhores ações de Assistência Farmacêutica do Governo LULA


 
Ontem presenciamos um momento histórico para a política brasileira: a despedida do estadista mais popular do mundo (Revista Newsweek) e a posse da 1ª presidenta do Brasil. Nos oito anos do governo do PT, conseguimos avanços significativos nas Políticas de Assistência Farmacêutica e para fazer uma breve retrospectiva relacionei as 13 maiores contribuições diretas ou indiretas da gestão LULA para fomento do medicamento como ferramenta de promoção da saúde:
1)        Política de Assistência Farmacêutica: após discussões municipais e estaduais ao longo do ano de 2003, é aprovada em maio de 2004 pelo Conselho Nacional de Saúde. Também em 2003 o Ministério da Saúde instituiu o Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF) principal responsável pela elaboração de estratégias para o desenvolvimento dessa política que se tornou efetivamente parte da Política Nacional de Saúde;
2)        Farmácia Popular do Brasil: Em junho de 2004, o Governo Federal criou o Programa Farmácia Popular do Brasil, com o objetivo de ampliar o acesso a medicamentos essenciais a um baixo custo. O Programa beneficia cerca de 2 milhões de pessoas mês e atua sobre dois eixos de ação: as UNIDADES PRÓPRIAS, em funcionamento desde junho de 2004, que são desenvolvidas em parceria com Municípios e Estados e contribui efetivamente para o acesso a medicamentos com orientação e o SISTEMA DE COPAGAMENTO, lançado em março de 2006, desenvolvido em parceria com farmácias e drogarias privadas;
3)        HÓRUS: Em de dezembro de 2009, foi lançado o HÓRUS - Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica. O sistema permite, entre outras funcionalidades, o controle de estoque, a rastreabilidade dos medicamentos distribuídos e dispensados, o agendamento das dispensações, o conhecimento do perfil de consumo, o acompanhamento do uso dos medicamentos e ainda a geração de dados para o desenvolvimento de indicadores de assistência farmacêutica para auxiliar no planejamento, avaliação e monitoramento das ações nessa área. O software é integrado ao Cartão Nacional de Saúde e ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde;
4)        Aumento do Investimento com Medicamentos: Os gastos com medicamentos no âmbito do Ministério da Saúde passaram de 1,9 bilhões (2003), para quase 6,0 bilhões em 2009. Na Assistência Farmacêutica Básica o repasse para os Municípios era de R$ 1,00 per capita em 1999, agora em 2010 é de R$ 5,10. O Componente Especializado (Alto Custo) passou de 516 milhões de reais em 2002, para 2,6 bilhões em 2009. No Componente Estratégico tivemos um gasto de 969 milhões em 2009 para 1,2 bilhões em 2009.   Em termos percentuais, os gastos diretos com medicamentos do Ministério da Saúde passaram de 5,8% em 2002, para 11,2% em 2009 dos gastos totais em saúde;
5)        RENAME e FTN: Em 2005, o Ministério da Saúde instituiu a Comissão Técnica e Multidisciplinar de Atualização da RENAME (COMARE) responsável pela revisão permanente da RENAME e elaboração do Formulário Terapêutico Nacional (FTN) que contém informações científicas, isentas de conflitos de interesse e com base em evidências, sobre os fármacos constantes da lista nacional;
6)        Capacitação e eventos sobre Assistência Farmacêutica: o Ministério da Saúde financiou a criação de 13 cursos de pós-graduação em gestão da Assistência Farmacêutica (curso presencial) e 2.000 vagas em ensino a distância (EAD) este ultimo com mais de 600 vagas só para o Nordeste. Além do apoio a vários eventos regionais da área e da organização dos Fóruns de Assistência Farmacêutica;
7)        Política de Fitoterápicos e Plantas Medicinais: Em junho de 2006 é aprovada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e em 2008 é assinada pelo Ministério da Saúde e outros nove ministérios o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos com o objetivo de “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”;
8)        Instâncias de Promoção ao Uso Racional de Medicamentos: com a criação em 2007 do Comitê Nacional pelo Uso Racional de Medicamentos (CNPURM), que busca identificar e propor estratégias de articulação, de monitoramento e avaliação da promoção do uso racional de medicamentos. Por deliberação deste Comitê lançou o Prêmio Nacional de Incentivo ao Uso Racional de Medicamentos, além da organização dos Congressos Brasileiros sobre URM;
9)        Estruturação das farmácias no âmbito do SUS: Em 2009 lançou as “Diretrizes para estruturação das farmácias no âmbito do SUS”. Além disso, pactuou na CIT (Comissão Intersetorial Tripartite) a possibilidade de uso de até 15% dos repasses de Assistência Farmacêutica dos Estados e Municípios para a aplicação em melhorias estruturas e qualificação dos profissionais do serviço;
10)     RDC 44/2009: publicada pela ANVISA com amplo apoio institucional dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas de dispensação, comercialização de produtos e prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias, traz para debate da categoria e da sociedade questões que estão inseridas em um cenário de complexos interesses políticos e econômicos e busca a consolidação da farmácia comunitária como estabelecimento de saúde;
11)     Avaliação de Tecnologias em Saúde: Em 2006 é criada a Comissão de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde (CITEC) é responsável  por receber as propostas de incorporação ou exclusão de tecnologias no SUS, revisão de diretrizes clínicas, protocolos terapêuticos e assistenciais;
12)     Incentivo a produção de medicamentos por laboratórios oficiais: Como parte das ações do chamado Complexo Industrial de Saúde a rede de laboratórios oficiais conta com 20 unidades no país, que entre 2000 e 2009 receberam R$ 409 milhões do Ministério da Saúde. No ano de 2008 o investimento foi de R$ 31 milhões. Juntos, eles produzem 80% das vacinas 30% dos medicamentos utilizados no SUS. Com o aumento da produção estima-se que ocorra uma economia média por ano de R$ 100 milhões nos gastos com a aquisição desses produtos;
13)     Portaria nº 4.283/2010, de diretrizes e estratégias da Farmácia Hospitalar: Publicada no DOU no ultimo dia do governo LULA, define as novas diretrizes e a relação de estratégias que vão proporcionar o fortalecimento e o aprimoramento das ações da assistência farmacêutica em hospitais. Os eixos estruturantes das ações são a segurança e a promoção de medidas que garantam o uso racional de medicamentos e de outras tecnologias em saúde. Para assegurar o acesso da população a serviços farmacêuticos de qualidade, ficaram estabelecidas diretrizes de gestão; desenvolvimento de ações inseridas na atenção integral à saúde, como gerenciamento de tecnologias, manipulação e cuidado ao paciente; infraestrutura física, tecnológica e gestão da informação; recursos humanos; informação sobre medicamentos; ensino, pesquisa e educação permanente em saúde.